Supermercado de São Luís terá que indenizar cliente acusado de furto

Imagem Ilustrativa

Uma rede de supermercados terá que indenizar em 15 mil reais, a título de danos morais, um cliente que foi acusado de prática de furto. A sentença foi proferida no 4º Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo de São Luís. Na ação, o autor relatou que sofreu abordagem vexatória e indevida em uma das unidades da rede demandada. Afirmou que, ao realizar compras em supermercado da rede requerida, acompanhado de sua esposa, foi subitamente abordado por segurança do estabelecimento, de forma truculenta, sob a acusação infundada de tentativa de furto.

Segundo ele, o episódio ocorreu em dia de grande movimentação, e culminou com a presença de policiais militares, expondo-o a uma situação humilhante e absolutamente constrangedora diante de dezenas de consumidores. Na ação, ele afirmou que jamais esteve envolvido com qualquer conduta ilícita, razão pela qual a acusação lhe causou dor profunda e abalou sua honra. Por fim, ele destacou que não houve nenhuma tentativa de diálogo, sendo submetido a tratamento típico de criminoso, mediante abordagem armada, interrogatório público e constrangimento físico e psicológico.

Ao contestar a ação, a demandada negou os fatos narrados pelo autor, sustentando que a abordagem jamais ocorreu, e que a conduta dos seus funcionários, caso existente, não seria abusiva ou ilícita. Ainda, alegou ausência de responsabilidade, inexistência de conduta ilegal e de qualquer dano indenizável. A unidade judicial promoveu uma audiência de conciliação, mas as partes não chegaram a um acordo. “O cerne da questão reside em saber se houve conduta ilícita por parte dos funcionários da empresa ré, apta a justificar a reparação por danos morais”, observou o juiz Licar Pereira, fundamentando-se em artigos da Constituição Federal.

GRAVE CONDUTA

Para a Justiça, é fato indiscutível que a abordagem de cliente por segurança armado, em local público, sem justificativa idônea e sem flagrância de crime, configura-se algo muito grave, ainda mais quando acompanhada pela chegada de força policial. “Tal conduta ultrapassa os limites da razoabilidade, violando direitos fundamentais à dignidade, à presunção de inocência, à imagem e à honra subjetiva (…) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça destaca que o dano moral decorrente de abordagem indevida em estabelecimento comercial prescinde de prova do prejuízo, bastando a demonstração do ato ilícito, uma vez que o constrangimento é presumido”, ressaltou.

De acordo com o juiz, o abalo sofrido pelo autor foi confirmado em depoimento de testemunha idônea. “A testemunha descreveu com riqueza de detalhes o episódio, confirmando, de forma objetiva e convincente, que o autor foi abordado por segurança armado do supermercado, sem qualquer justificativa plausível, e posteriormente, exposto diante de policiais militares (…) O teor do depoimento da testemunha se mostrou coeso, verossímil e convergente com a narrativa inicial, conferindo-lhe elevado valor probatório”, finalizou o magistrado, decidindo pela condenação da rede de supermercados ao pagamento da indenização.

PC deflagra operação contra quadrilha que extorquia rede de supermercados no MA

Foto Reprodução

Uma operação foi deflagrada na manhã desta quarta-feira (6) na Grande São Luís, visando combater um esquema de roubo de dados e extorsão pela internet. A Polícia Civil cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em São Luís e aplicou medidas cautelares contra suspeitos envolvidos nos crimes. Entre as vítimas da quadrilha estaria uma das maiores redes de supermercados do Maranhão, segundo informações do Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos (DCCT), vinculado à Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic). O nome da rede não foi divulgado.

As investigações apontam que os suspeitos obtinham, de maneira ilegal, informações sigilosas dos bancos de dados de empresas e de seus funcionários, que eram posteriormente vendidas em fóruns da deep web e em outras plataformas clandestinas. Além da venda dos dados, a quadrilha extorquia as vítimas, exigindo quantias acima de R$ 100 mil para não divulgar as informações.

O Departamento de Combate a Crimes Tecnológicos destaca que o grupo criminoso utilizava técnicas avançadas para invadir sistemas e coletar dados confidenciais, visando não apenas o lucro com a venda das informações, mas também a pressão financeira sobre as vítimas. Segundo a Polícia Civil, essa operação é parte de uma ação mais ampla para reprimir crimes cibernéticos na região e aumentar a segurança de dados das empresas locais.

A Polícia Civil seguirá com as investigações para identificar outros possíveis envolvidos e mapear a extensão das atividades do grupo. As autoridades alertam para que empresas reforcem suas medidas de segurança cibernética para se protegerem contra esse tipo de ataque.