Conselho da ONU rejeita proposta do Brasil sobre conflito no Oriente Médio

Plenário do Conselho de Segurança da ONU em Nova York 04/05/2023 REUTERS/David 'Dee' Delgado

Foto Reprodução

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) rejeitou nesta quarta-feira (18) a proposta apresentada pelo governo brasileiro sobre o conflito envolvendo Israel e o grupo extremista palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza. O texto pedia pausas humanitárias aos ataques entre Israel e o Hamas para permitir o acesso de ajuda à Faixa de Gaza.

O resultado da votação foi 12 votos a favor, duas abstenções, sendo uma da Rússia, e um voto contrário, por parte dos Estados Unidos. Por se tratar de um membro permanente, o voto norte-americano resultou na rejeição da proposta brasileira.

A análise da resolução estava inicialmente prevista para o início da semana, mas foi adiada para esta quarta-feira na sede da entidade, em Nova York.

Após a votação, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, lembrou que o presidente norte-americano, Joe Biden, está, neste momento, na região do conflito, o que, segundo ela, demonstra o envolvimento do país no tema. “Apesar de reconhecermos o desejo do governo brasileiro de aprovar a proposta, acreditamos que precisamos deixar essa diplomacia acontecer.”

“Sim, resoluções são importantes. E sim, esse conselho deve se manifestar. Mas as ações que tomamos devem levar em conta o que acontece no local e apoiar esforços diretos de diplomacia que podem salvar vidas”, disse. “Os Estados Unidos estão desapontados pelo fato dessa resolução não mencionar o direito de Israel de autodefesa. Como qualquer outro país do mundo, Israel tem o direito de se autodefender”.

Na segunda-feira (16), membros do conselho rejeitaram uma proposta de resolução da Rússia sobre o conflito. O país apresentou um projeto de cessar-fogo imediato, incluindo a abertura de corredores humanitários e a liberação de reféns com segurança, mas não condenava diretamente o Hamas pelos atos de violência cometidos contra Israel. A proposta teve cinco votos favoráveis, quatro contrários e seis abstenções.

Fim das hostilidades

Em Brasília, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, explicou que o Brasil, na condição de presidente do Conselho de Segurança, foi demandado pela maioria dos membros do conselho a redigir uma proposta que acomodasse as opiniões de todos os membros.

“Depois de intensas e múltiplas consultas, apresentamos um texto que foi aceito por 12 dos 15 membros. Esse texto focava, basicamente, na cessação das hostilidades, no aspecto humanitário, criando uma passagem humanitária para que pudessem sair os nacionais de terceiro países, como nossos 32 brasileiros, e que também estabelecia a possibilidade de envio de ajuda humanitária. Infelizmente, não foi possível aprovar. Ficou clara uma divisão de opiniões”, relatou.

“Fizemos todo o esforço possível para que cessassem as hostilidade, que parassem os sacrifícios humanos e que pudéssemos dar algum tipo de assistência às populações locais e aos brasileiros. A nossa preocupação foi sempre humanitária nesse momento e, enfim, cada país terá tido sua inspiração própria”.

Entenda

O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes, a China, França, Rússia, Reino Unido e os Estados Unidos. Fazem parte do conselho rotativo a Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes. Para que uma resolução seja aprovada, é preciso o apoio de nove do total de 15 membros, sendo que nenhum dos membros permanentes pode vetar o texto.

Turistas brasileiros que fugiam da guerra em Israel chegam em Brasília

Foto Reprodução via G1

Um grupo de 34 turistas brasileiros, entre eles nove maranhenses, chegou na madrugada desta quarta-feira (11) em Brasília, em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB), após fugir da guerra entre Israel e o Hamas. Eles estavam em um hotel na cidade de Tel Aviv, a cerca de 70 km da Faixa de Gaza, onde os ataques aéreos e os foguetes se intensificaram nos últimos dias.

O grupo fazia parte de uma excursão religiosa que visitava os locais sagrados do cristianismo, do judaísmo e do islamismo no Oriente Médio. Eles embarcaram no Brasil no dia 2 de outubro e tinham previsão de retornar no dia 15. No entanto, a escalada da violência na região os fez antecipar a volta.

Os turistas relataram que viveram momentos de medo e angústia durante a estadia em Israel. Eles disseram que ouviam as sirenes de alerta e as explosões constantemente, e que tinham que se abrigar em um quarto blindado do hotel. Eles também contaram que enfrentaram dificuldades para conseguir um voo de saída, pois muitas companhias aéreas cancelaram as operações por questões de segurança.

O sentimento dos turistas ao chegar em Brasília foi de alívio e gratidão. Eles agradeceram o apoio do governo brasileiro, que intermediou a liberação do voo da FAB, e também das autoridades israelenses, que facilitaram o embarque. Eles também manifestaram solidariedade às vítimas do conflito e pediram pela paz na região.