Justiça condena acusados de sequestrar mãe e filha de dois anos em Santa Inês

Objetos e munições apreendidos com sequestradores na prisão

O juiz Raphael Leite Guedes, titular da 4ª Vara de Santa Inês, proferiu sentença nesta quinta-feira (23), condenando os réus José Victor Barros de Oliveira, Antônio Ferreira dos Santos Júnior e Victor Rafael Correia de Sousa. Os três homens foram considerados culpados, sendo que José Victor recebeu a pena de 7 anos e três meses, devendo cumpri-la em regime inicialmente semiaberto. Os outros dois receberam a pena de 13 anos cada, devendo cumprir esse tempo em regime, inicialmente, fechado. O caso de sequestro de mãe e filha teve grande repercussão na imprensa.

Versou a denúncia que, na tarde do dia 2 de setembro de 2022, por volta das 5 da tarde, no estabelecimento comercial denominado Alícia Modas, localizado na Rua General Dutra, Bairro Canaã, os três homens, agindo com unidade e identidade de propósitos, previamente acordados, teriam sequestrado Antônia Érica de Paula da Silva e sua filha M.H.P., de apenas dois anos de idade, pedindo, como condição para libertá-las, o valor de 9 mil reais. Na data, hora e local do fato, os três denunciados, fazendo uso de um veículo hb20, automotor, do tipo HB20, de propriedade do pai de José Victor, deslocaram-se até a loja Alícia Modas, ocasião em que Antônia, mediante grave ameaça, fazendo uso de uma pistola, anunciou o sequestro e ordenou que a mulher e sua filha acompanhassem eles, chegando a segurar a criança no colo, enquanto sua mãe pegava alguns objetos.

Foi apurado que, durante o sequestro, o denunciado Antônio dizia que se a mulher oferecesse resistência, mataria o sogro dela, que se encontrava em uma casa ao lado da loja. Ato contínuo, os denunciados saíram no carro, levando consigo as vítimas, os quais se deslocaram inicialmente para um imóvel na Vila Marcony. Nesse local, as vítimas teriam permanecido num quarto por cerca de duas horas, sendo vigiadas por Victor Rafael, enquanto os outros dois denunciados saíram no carro com destino ignorado, voltando posteriormente para buscar o comparsa, bem como mãe e filha sequestradas. De lá, teriam levado mãe e filha para outro local, onde permaneceram até serem libertadas no final da tarde do dia seguinte.

DÍVIDA DO PAI DA MENINA

No dia do sequestro, por volta de 22h, através de uma chamada de vídeo via WhatsApp, Antônio Ferreira ligou para a avó materna da criança, momento em que mostrou as vítimas e falou do sequestro, exigindo o pagamento de 9 mil reais de resgate. Durante a chamada de vídeo, Antônio teria ameaçado matar as vítimas caso a avó materna avisasse a polícia acerca do sequestro. A polícia apurou que o valor de 9 mil reais seria uma dívida que o pai da criança teria com Antônio Ferreira. No dia seguinte ao fato delituoso, a Polícia Civil tomou conhecimento do sequestro, dando início às investigações. No final da tarde, a polícia seguiu um mototaxista que havia sido contratado pelos denunciados para buscar na casa da avó paterna uns objetos pessoais da criança e de sua mãe. A partir daí, conseguiram prender José Victor Barros de Oliveira.

Ao ser indagado sobre o sequestro, José Victor teria dito que estava fazendo somente um favor em pegar os objetos que lhe teriam sido entregues, sendo que receberia em troca cerca de 250 gramas de maconha. Posteriormente, mudou sua versão e disse que teria deixado a criança e sua mãe na Vila Marcony, na casa de uma pessoa conhecida por Negona, local para onde os policiais teriam se deslocado. Contudo, no local supracitado, os policiais teriam sido informados que a criança e sua mãe teriam passado lá somente para beber água. Por fim, na parte da noite, os policiais confirmaram a libertação de mãe e filha. José Victor, Antônia e a criança foram conduzidos para a Delegacia de Polícia. De lá, Antônia fugiu levando a menina, o que gerou, inclusive, suspeita no envolvimento da genitora no sequestro.

Entretanto, já no dia 4 de setembro, Antônia Érica de Paula da Silva foi ouvida na polícia, ocasião em que confirmou ter sido sequestrada com sua filha e levada inicialmente para a Vila Marcony, e depois para um local desconhecido, onde pernoitaram e ficaram no decorrer do dia seguinte. Ela ressaltou que saiu da delegacia porque ficou nervosa com toda aquela situação e devido às perguntas formuladas pelos policiais. Importante acrescentar que Antônia Érica de Paula da Silva fez o reconhecimento fotográfico dos denunciados Antônio Ferreira dos Santos Júnior e Victor Rafael Correia de Sousa, os quais encontram-se foragidos.