Conhecidos no universo “true crime”, quatro parentes de vítimas de crimes hediondos em São Paulo decidiram transformar a dor de suas respectivas tragédias em luta nestas eleições, a exemplo de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, que é candidata a vereadora da capital paulista pelo Podemos.
Ana Carolina tem como plataforma o combate à violência infantil, mas não é a única. O tema também é caro a uma de suas companheiras de chapa no Podemos, a ex-deputada federal Keiko Ota, mãe de Ives Ota, sequestrado e assassinado aos 8 anos, ao fim da década de 1990.
A morte de Ives levou tanto Keiko quanto seu marido, Masakata Ota, a entrarem para a política. Ela já foi deputada federal por dois mandatos, entre 2011 e 2017, e ele foi vereador da capital entre 2013 e 2020. Ambos defendiam a ampliação da punição para crimes hediondos. Masakata morreu em 2021, vítima de um câncer.
Também disputará uma vaga na Câmara Municipal o advogado Ari Friedenbach (PSol), pai da adolescente Liana Friedenbach, assassinada em 2003. Eleito vereador em 2012, cumpriu apenas um mandato e chegou a ser favorável à redução da maioridade penal, pauta da qual, hoje, se diz contrário.
Já o deputado estadual Márcio Nakashima (PDT), que está em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), construiu a carreira política para combater a violência contra a mulher após a sua irmã, Mércia Nakashima, ser vítima de feminicídio em 2010. Nestas eleições, ele é candidato a prefeito de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Relembre os casos de “true crime”:
Isabella Nardoni
Na noite de 29 de março de 2008, Isabella Nardoni, de 5 anos, foi encontrada morta no jardim de um prédio na zona norte da capital paulista. A perícia concluiu que ela morreu após ter sido atirada de uma janela do 6º andar no apartamento onde viviam seu pai, Alexandre Nardoni, e sua madrasta, Anna Carolina Jatobá.
Nardoni e Jatobá foram condenados por homicídio – ele a 30 anos e 2 meses de prisão e ela a 26 anos de prisão. Atualmente, os dois cumprem pena em regime aberto.
Mércia Nakashima
A advogada Mércia Nakashima, de 28 anos, desapareceu em 23 de maio de 2010 após ter almoçado na casa dos pais em Guarulhos. Seu corpo foi encontrado 18 dias depois na represa Atibainha, em Nazaré Paulista, a cerca de 50 km de onde foi vista com vida pela última vez.